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Dependência Química

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Considerada uma doença BIOPSICOSSOCIAL, onde o portador perde o controle ao uso da substância, atingindo e prejudicando, pelo uso, sua vida psíquica, emocional e física.

É progressiva, se tornando cada vez mais intensa e crônica no caso de negativa ao tratamento.

Se apresenta pelo surgimento de significativas modificações metabólicas/orgânicas na ausência da substância de abuso, o que leva o indivíduo a usar novamente para impedir os sintomas indesejáveis da “crise de abstinência”. Sem o uso, ocorrem alterações de humor e comportamento, mal-estar físico e desconforto psicológico intenso.

A busca pela droga, tem o objetivo de “aliviar a dor emocional”, uma vez que atua no circuito cerebral responsável pelo prazer ou por recompensa.

A DEPENDÊNCIA QUÍMICA se manifesta e é diagnosticada pela dificuldade na interrupção ao uso, mesmo que haja o desejo pela ruptura, ou seja, trata-se de uma compulsão e falta de “controle”.

Não há cura para a DEPENDÊNCIA QUÍMICA, mas tratamentos que tragam a possibilidade ao controle, SIM.

A vulnerabilidade à recaída é o maior desafio ao portador e ao tratamento, devido ao fenômeno do craving (fissura), altamente presente, desencadeado pelo estresse, ambiente INTERNO E EXTERNO, ansiedade e sentimentos disfóricos (tristeza, angústia) que ocasionam uma força propulsora e urgente que se direciona à busca pela droga, resultando em um ciclo resistente.

SUBSTÂNCIAS ESPECÍFICAS DE ABUSO E DEPENDÊNCIA:

Álcool:
Muito comum o SUBDIAGNÓSTICO, ou seja, muitas pessoas não “se vêem” como dependentes de álcool, tendo a errônea idéia de que só se caracterizaria dependência por álcool, caso fizesse uso diário, quando na realidade o critério avaliativo não é este e sim a compulsão, síndrome de abstinência e prejuízos físicos e psicológicos ocasionados pelo uso. É comum observarmos muitos dependentes por álcool, que consideram que seu uso não é “abusivo” e sim social.

O uso nocivo de álcool, sem que haja critérios diagnósticos para DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL incluem a avaliação de problemas interpessoais e/ou legais, prejuízos psicológicos, complicações clínicas associadas ao padrão de uso em um período de pelo menos 1 ano e, portanto, TAMBÉM demanda TRATAMENTO.

Maconha (Cannabis):
​Considerada a droga ilícita mais utilizada, com freqüente início ao uso na fase da adolescência. Pode trazer prejuízos cognitivos importantes em relação à memória, atenção e funções executivas.

O uso freqüente ocasiona uma prevalência maior de transtornos de ansiedade e em contrapartida, é comum observarmos o uso da maconha em pessoas que apresentam algum transtorno de ansiedade, na busca pela “automedicação”, apesar de que reações agudas de Pânico estão presentes entre os efeitos mais comuns ao uso de maconha. Com isso, podemos considerar uma associação entre Uso de maconha X ansiedade. O abuso desta substância, traz conseqüências sociais, ocupacionais, psicológicas, físicas e prejuízos nas inter relações, na maioria dos casos.

IMPORTANTE: O uso da maconha pode desenvolver sintomas psiquiátricos agudos. Não há comprovação científica, porém encontramos uma forte associação observável entre uso de maconha e desenvolvimento de esquizofrenia.


Cocaína:
É uma droga ilícita “estimulante”, que traz graves conseqüências pessoais e familiares, o que geralmente motiva o usuário a buscar tratamento devido aos prejuízos importantes que desencadeia.

A tendência desta substância, é a perda da eficácia, deixando o usuário “tolerante” ao uso e, portanto, ocasionando aumento progressivo nas doses, na tentativa de obter os efeitos satisfatórios que ocorriam anteriormente (com doses menores), levando ao aumento do uso e à dependência.

Seus efeitos mais importantes são: Sensação de poder, excitação, euforia e prazer.

O uso da cocaína, com o passar do tempo, provoca comprometimentos orgânicos severos, como por ex, predisposição a infartos.

A suspensão ao uso, traz depressão, irritabilidade e insônia, o que dificulta substancialmente a ruptura com a droga.


Crack:
​É uma droga ilícita que surgiu como uma opção mais “barata” da cocaína, porém com efeitos DEVASTADORES ao Sistema Nervoso Central, além de complicações clínicas significativas e diversas.

Seus efeitos são semelhantes aos da cocaína: Sensação de poder, excitação, euforia e prazer.

Por ser inalada, atinge o cérebro, enquanto “recompensa”, de forma muito rápida (em média, cerca de 10 a 15 segundos), sendo que os efeitos duram pouco (em média 5 minutos), levando o usuário a repetir o uso em curtos períodos de tempo e, portanto, gerando dependência rápida pela substância.

Benzodiazepínicos/ Hipnóticos/ Ansiolíticos:
Trata-se de medicações prescritas no “mundo todo” devido aos seus efeitos sedativos, ansiolíticos, amnésticos, antiepléticos e relaxantes musculares.

Os mais conhecidos são: Alprazolan (Frontal/Tranquinal), Clordiazepóxido (Psicosedin/Limbitrol/ Menotensil), Flurazepam (Dalmadorm), Bromazepam (Lexotan/Somalium/Novazepam), Clonazepam (Rivotril), Midazolam (Dormonid), Lorazepam (Elum/ Olcadil), Clobazam (Frizium/ Urbanil), Oxazepam (Serax).

​São medicações prescritas pelos médicos, para diversas patologias psiquiátricas tais quais: Transtorno de Ansiedade Generalizada, Fobia Social, Transtorno de Pânico, Transtornos do sono, Transtornos Psicóticos e coadjuvantes ao tratamento para Transtornos do Humor e em tratamento para Dependência Química (no período de abstinência, principalmente).

A Dependência pode surgir, sobretudo, pelo abuso deliberado ou em dosagens acima das prescritas pelo médico, objetivando o aumento dos “efeitos euforizantes”. Em muitos casos, o indivíduo adquire a medicação pelo comercio ilegal, fazendo uso inadequado e se predispondo à DEPENDÊNCIA da substância psicoativa

A DEPENDÊNCIA se instala, a partir do momento em que o uso é abusivo, fugindo ao controle.

IMPORTANTE: Esses medicamentos são prescritos de forma adequada e necessária pelo MÉDICO PSIQUIATRA, para o tratamento de diversas patologias psiquiátricas. Não se trata de NÃO fazer uso e sim de só o fazer, com orientação médica. A suspensão também deverá ser orientada pelo médico. O uso indiscriminado e inadequado, pode levar à DEPENDÊNCIA.

Opioides (Heroína/ Morfina/ Ópio entre outros):
​Droga ilícita, endovenosa (injetável), muito associada à disseminação do vírus HIV e Hepatites Virais.

Seus efeitos são Depressores do Sistema Nervoso Central

A intoxicação por essas substâncias, se reflete em sonolência ou coma, Humor disfórico (tristeza/ angústia) ou eufórico (estado de excitação).

Em abstinência, os sintomas são: Irritabilidade, Humor deprimido ou ansiedade, agitação e fissura.

O uso de Opioides causa diversas complicações significativas em nível orgânico, ocasionando riscos de vida. Os efeitos da Síndrome de Abstinência são fortes, o que traz uma dificuldade maior na ruptura com a droga.


Anfetaminas:
Frequentemente associadas com benzodiazepínicos, antidepressivos, diuréticos, laxantes, hormônios tireoidianos e extratos vegetais.

Apresentam potencialização estimulatória sobre o Sistema Nervoso central (SNC), produzindo aumento no “estado de alerta”, inibição ao sono, inibição ao apetite, diminuição na sensação de fadiga, estimulação do humor, elevação da autoconfiança, agitação psicomotora, ampliação da iniciativa e concentração, euforia, maior desempenho físico.

É farmacologicamente utilizado (prescrito por médicos) para estimular o Sistema Nervoso Central em casos de narcolepsia (doença caracterizada por “ataques de sono” incontroláveis que podem ocorrer várias vezes ao dia), Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Usado também como supressor do apetite como AUXILIAR secundário à tratamentos com dietas e exercícios físicos SOMENTE em pacientes que apresentam OBESIDADE MÓRBIDA, sendo o uso CONDENÁVEL à indivíduos com apenas sobrepeso ou como estratégia para redução de peso por razões estéticas.

Anfetaminas produzem alto índice de efeito rebote (recuperação rápida do peso, acima do anterior ao início do uso) com alto risco de ABUSO e DEPENDÊNCIA.

​IMPORTANTE: O uso intenso ou em altas dosagens é, comumente, seguido de sintomas tais quais: Ansiedade, Depressão, Fadiga, taquicardia, tontura, dores de cabeça, tremores, hipertemia (elevação da temperatura do corpo), insônia, confusão mental, agitação psicomotora, agressividade, crises de pânico, alucinações, delírios, tendências suicidas (principalmente àqueles indivíduos que possuem predisposição à transtornos mentais).


Ecstasy (Bala):
Uso recreacional. Objetiva, a partir de sua composição, efeitos como aumento da autoestima, maior empatia com sensação de maior proximidade e intimidade com o outro, euforia, sensação de felicidade e bem estar geral, aumento da energia, maior sociabilidade com extroversão, efeitos afrodisíacos (intensificando a sexualidade) e inibição do apetite. Seu uso vem crescendo em nível mundial, perdendo apenas para Cannabis. Trata-se de uma droga que gera alto risco para a saúde, induzindo a disfunção imunológica que se agrava com o passar do tempo de uso. O uso crônico pode produzir neurodegeneração do sistema serotonérgico (efeito neurotóxico) que está relacionado à perda gradual das funções cognitivas.

Tratamento

Psiquiatria: O tratamento é multidisciplinar e as estratégias a serem utilizadas dependem da gravidade.
Em todos os casos de DEPENDÊNCIA QUÍMICA, no entanto, medicamentos para os sintomas que o uso traz, são fundamentais.

Psicoterapia: O tratamento psicológico ao indivíduo e orientação familiar, é uma vertente indispensável. Visa atuação para treinamento em habilidades sociais e de Enfrentamento, Motivação, Prevenção à Recaídas e fortalecimento emocional.

O Dependente Químico sem tratamento, tem a tendência a uma piora considerável e gradual que leva a uma cronicidade que pode ser irreversível